Pirataria versus Consciência – Quanto você investe em si mesmo?
Licenças de software, livros ou jantar caro?
Certa vez, vi uma discussão no Linkedin sobre licenças de software. O tópico se iniciou mais ou menos assim: “Por que temos coragem de comprar carros em torno de R$60mil; apartamentos por cerca de R$300mil; comida japonesa por R$ 60,00 / Kilo; e não temos coragem de pagar cerca de R$2mil por um (bom) software?”
Em primeiro lugar, preciso dizer que sou contra a pirataria.
Muitas vezes temos o pensamento de que a empresa de software, por exemplo, tem um custo muito baixo para fazer 1 ou 100mil cópias do MS-Windows, por exemplo. É só copiar um CD de instalação… Ok, pode até ser verdade. Mas o custo maior está no desenvolvimento, que pode demorar anos e empregar várias pessoas. De modo análogo ao que ocorre com as pesquisas médicas e de medicamentos, os produtos e serviços “do conhecimento” tem valor intangível, que precisa ser protegido como propriedade intelectual. Do contrário, não há estímulo para estudar, trabalhar, fazer MSc, PhD, cursos e treinamentos para criar e viabilizar uma idéia nova que depois será copiada e pirateada por muitas pessoas. Nesse sentido, sem fazer maiores comentários político-econômicos, não acho legal a abordagem chinesa em relação à propriedade intelectual.
O fato é que damos valor a tantas coisas perecíveis, como bens materiais, mas não valorizamos conhecimento e experiências que são algo permanente. Muita gente acha caro pagar uma boa pós-graduação, um MBA em uma instituição reconhecida por exemplo. Também achamos os livros caros e, às vezes, supérfluos. Mas pare para pensar um pouco: de onde você tira o seu sustento? Do trabalho, será a resposta óbvia. E como você pode trabalhar bem e melhor? Tendo conhecimento e experiência. Parece óbvio, não? Pois é, mas muita gente fica “empacada” na carreira porque não quer investir em seu maior patrimônio: você mesmo.
Ou seja, enquanto existem pessoas bem informadas, assinando boas revistas e jornais, assistindo a bons programas de TV por assinatura, comprando bons livros, fazendo bons cursos etc… o que você, caro leitor, está fazendo o quê? Lembro dos meus tempos de vestibular, os professores diziam assim: “enquanto vocês estão aqui brincando na sala de aula, tem um monte de concorrentes seus estudando 12h por dia para passar no vestibular”.
Chega a ser absurdo mesmo, pense que um livro médio custa R$60,00. Alguns mais caros chegam por volta de R$200,00, por exemplo. São livros de 300 a 1.000 páginas, que você utilizará por bastante tempo (na maioria das vezes). Claro, você só deve comprar livros que sejam úteis para você… e que sejam bons livros. O absurdo é gastarmos R$100,00 num almoço e depois tirar Xerox de um livro de R$50,00 para economizar R$20 ou R$30.
Bom, eu não sei qual é a opinião de quem está lendo, mas acho que falta consciência. Falta conscientização. No caso das licenças de software, acho que é bem isso que ocorre. Você vai à loja comprar um computador ou notebook e o vendedor pergunta se você irá querer com MS-Office e MS-Windows, por exemplo. Você opta por comprar com Linux, economiza R$200 e depois leva a um técnico para instalar Windows e Office pirata por R$50. Será que isso faz sentido, sendo que você deve ter pago por volta de R$2mil? Talvez os valores sejam diferentes, o que importa é a idéia. Comprar um computador original, com garantia, softwares e assistência técnica não é tão mais caro do que “piratear”. E eu acho que os custos valem a pena. Você pode até ter uma opinião diferente, eu não quero aqui te convencer a apoiar a Microsoft nem qualquer outra empresa de software, medicamentos ou editoras. O que eu desejo é chamar a atenção para o valor do conhecimento, da propriedade intelectual e demais “intangíveis”.
Para encerrar, alguns outros exemplos. Um colega reclamou do valor de um curso, R$1,5mil por 5 dias de aula (20h). Não digo que seja barato, mas esse mesmo colega paga R$50,00/hora para ter aulas de tênis. Por que não pagar num treinamento, pós-graduação etc? Sei lá… é a opção de cada um. Também não estou dizendo que não podemos ter lazer! Nem que devemos ficar fazendo todo tipo de curso que aparecer. Apenas reflita sobre o que é importante para você em cada momento.
Bem, eu? Eu gosto de jogar tênis, pago as aulas, mas também gosto de ver filmes, ler livros, viajar… acho importante investir em cursos, treinamento e certificações relacionadas com a minha carreira. Era isso o que eu tinha a dizer para vocês, espero que tenha acendido uma luz nas consciências.
Autor
-
Mário Henrique Trentim é graduado em engenharia eletrônica pelo ITA e MBA em Administração Financeira e Contábil pelo CEDEPE. Trabalhou na área de sensoriamento remoto e geoprocessamento no Instituto de Estudos Avançados (2001 – 2003). Desde 2004, é engenheiro no Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III), tendo trabalhado nas áreas de Planejamento, Radares, Tecnologia da Informação, Telecomunicações, Sistemas Mecânicos e Climatização.
Todos os posts