Benchmarking em gerenciamento de projetos: PMO e treinamento
Com o objetivo de se ter uma estrutura específica e profissional para a área de gerenciamento de projetos, surgiu nas organizações, o PMO – Project Management Office ou Escritório de Projetos.
Em algumas organizações sua responsabilidade é limitada a dar suporte aos Gerentes de Projeto; em outras, tem suas responsabilidades expandidas, pois fica responsável por definir metodologias, ferramentas e padrões, englobando: criação da documentação, divulgação, treinamento dos profissionais e monitoração quanto ao uso correto. Há ainda, organizações em que o PMO é responsável direto pelo delivery dos projetos, tendo sob sua gestão os Gerentes de Projeto e o Pool de consultores e especialistas. Assim, um PMO pode atuar como Centro de Suporte (responsável pelo apoio à execução dos projetos), Centro de Gerenciamento (responsável pela execução dos projetos) ou Centro de Excelência na organização, responsável pelo direcionamento, padronização e acompanhamento dos projetos.
No benchmarking de 2009 realizado com 300 empresas brasileiras identificou-se que 62% das empresas possuem pelo menos um PMO. O benchmarking de 2004 (realizado com 73 empresas) apontava que apenas 51% das empresas possuíam PMO, evidenciando assim, um crescimento substancial na implementação de Escritório de Projetos no país. Ainda como resultado do benchmarking de 2009, explicitaram-se 12 funções desempenhadas pelos PMOs.
Em primeiro lugar, aparece o item “definir e dar suporte à metodologia” com 95% de citações; em segundo lugar, “definir e dar suporte às ferramentas utilizadas” com 87%, seguindo três itens com 79%: “definir e acompanhar os indicadores de projeto”, “apoiar o planejamento dos projetos” e “apoiar o controle”. Seguiu-se: “realizar treinamento” com 77%, “divulgar best practices” com 76%, “intervir em trouble projects” com 62% e “auditar projetos” com 61%.
Nas últimas três posições, estão: “apoiar na seleção e priorização de projetos” com 57%, “fornecer profissionais para a equipe de projeto” com 28% e “fornecer gerente de projeto” com 23%. Nota-se pelos resultados de 2009 que cada vez mais os PMOs no Brasil aproximam-se do conceito de Centro de Excelência, afastando-se de ser um Centro de Gerenciamento de Projetos.
Em 2004, os resultados indicavam muita aderência a um Centro de Suporte a Projetos, com percentuais significativos para itens distintos do último relatório: controlar os projetos, realizar coaching no gerenciamento de projetos e gerir a documentação.
Os Escritórios de Projetos no país têm crescido tanto quantitativa como qualitativamente, ou seja, nos últimos 5 anos, passamos de 51% para 62% de empresas com PMO implantado, e podemos dizer que houve uma mudança no perfil geral em termos de funções, passando de Centro de Suporte para Centro de Excelência.
Quanto aos programas de treinamento, 25% da empresas pesquisadas declaram possuir um programa formal de treinamento (não incluindo programa para obtenção da certificação PMP – Project Management Professional) e 16% tem programa específico de preparação para obtenção de tal certificação.
Em 2004, o índice de programas de treinamento era de 32% e 24% possuía um programa de preparação para a certificação PMP, implantado pela própria empresa ou por terceiros. A queda de 32% para 25% nos programas formais de treinamento e de 24% para 16% nos programas preparatórios para a certificação, traz uma reflexão quanto à prioridade que as organizações brasileiras estão atribuindo à capacitação de seus profissionais, à busca de certificações e ao nível de investimento nestas áreas.
Em um mundo globalizado, atraente, altamente competitivo e com prestação de serviços offshore (para um cliente fora das fronteiras do país onde está localizada a empresa produtora, por exemplo, desenvolvimento de software), as certificações de empresas (ISO9001, ISO14001, CMMI, SA-8000 dentre outras), a qualificação dos profissionais e as certificações dos profissionais (PMP, ITIL, CFP, CFPS) têm justa valorização no mercado nacional e internacional.
Que os resultados do benchmarking 2009 nas áreas de treinamento e certificações façam com que os administradores neste país creiam que a máxima “o plantio é livre, a colheita obrigatória” continua viva e válida no século XXI.