O cliente na cadeira do Presidente
O cliente na cadeira do Presidente
Não preciso falar quantos discursos e teses encontramos sobre ouvir o cliente, voltar a empresa para o mercado, propagar a voz do cliente na empresa, mas estamos realmente preparados e dispostos a isso?
Nosso modelo de gestão, sim aquele em que acreditamos e quando nos dão liberdade implantamos, está realmente de acordo com essa linha de pensamento?
Quando me deparo com o discurso, mas não com a realidade, costumo perguntar aos gestores: – Há quanto tempo você não vai realmente ao mercado?
Sabe qual é a resposta: – Realmente faz tempo, mas é que não tem dado tempo!
Reflitamos: se o cliente é o componente mais importante no processo, que tarefa deveria ter prioridade?
Eu sei que às vezes é longe, tem dia que chove, pode estar muito quente ou frio, algumas pessoas não são amigáveis, ainda que proporcionem receitas interessantíssimas, podemos não gostar de algumas manias de vendedores e de gerentes, apesar de suas competências, mas isso é parte do processo e precisa ser administrado.
Certa época, por um tempo, convivemos com o dia do churrasco.
Tudo começou assim:
A princípio levávamos os clientes à empresa, e lá fazíamos negócios interessantes. Depois saíamos para almoçar e conversar um pouco sobre mercado.
Acontece que um deles descobriu que se invertesse o processo, reunindo uma vez por mês todos os vendedores dos fornecedores para um churrasco e os espremesse, faria negócios melhores.
Terminou assim:
Algum tempo depois, todos passaram a arrumar mil desculpas para não ir, reduzindo a pressão.
As intenções do cliente esvaziaram os encontros. Isso não funciona. Reuniões para tirar vantagens têm vida curta.
A questão, como fornecedor, em determinados encontros, se resume ao que nós queremos saber dos clientes. Esse é o ponto fundamental.
A gestora de uma empresa de vestuário costumava me dizer: “Os clientes não sabem o que querem. Quem sabe o que é qualidade sempre será fiel ao nosso produto”.
Em trinta anos de empresa, quantas visitas tinha feito ao mercado? Meia dúzia. Apenas empresas grandes.
Seu comportamento nas feiras era interessante: dizia tudo o que pensava, mas quando o cliente começava seu discurso se retirava. Isso incomodava muito, eles sempre destacavam o fato.
Uma pena, pois fazia um produto tradicional que cada dia perdia mais e mais adeptos. Deveria tê-los ouvido. Muitas quedas são provocadas pelos tropeços nas pedras da verdade.
Há uma lição importante que precisa ser aprendida com os clientes: ainda que estes não saibam o que querem, sabem muito bem o que não querem. Após a experimentação podem abandonar imediatamente seu produto, mas você não. Não pode abandoná-los.
Sabe quando damos aquela parada para uma reflexão e o espelho da vida nos mostra três imagens:
a) O que nós somos;
b) Aquilo que pensamos que somos;
c) O que nos dizem que somos.
Pois é, com a empresa é assim também! Compreende-las é que a questão.
Pensemos…
Você vai me dizer: – Esse discurso de novo?
Não, só uma preparação.
Tenha duas surpresas para você que é presidente: Uma boa e outra ótima.
A boa é que você vai sair de férias. Que tal?
A família vai adorar, mas você está com medo?
Relaxa! Tudo na vida tem a primeira vez. Medo você vai sentir na volta.
Nesse período sabe quem vai sentar na sua cadeira?
O cliente!
Sim, o cliente, e vai dizer à sua equipe como quer os produtos.
Com um detalhe: deixando claro que é assim, caso contrário irá em busca de outros fornecedores, ou você acha que lhe faltam ofertas?
Ficou um pouco apreensivo?
Acho bom.
Então, seguinte: – vai lá curtir a família, descansar, se encher de energia, por que na sua volta teremos muito que fazer.
Conversar na volta?
Que isso, discurso de novo?
Não, nós vamos tratar da realidade: aquilo que mantém a empresa viva e rumo ao futuro.
Calma, não posso adiantar nada, afinal ainda não ouvimos o cliente.
Vou lhe dizer uma coisa: não vejo a hora de começar, afinal ele sabe tudo sobre o mercado!
Nós que ficamos lhe desejamos uma viagem maravilhosa, afinal estas férias são mais do que merecidas.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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