Por que uma empresa que tem prejuízos anos seguidos não procura ajuda?
Pergunta simples, lógica, óbvia, mas de resposta extremamente complicada.
Como você se sente quando bate-cabeça e alguém, rapidamente, encontra a solução para o problema? Não precisa responder para mim, faça-o apenas para você.
Alguns dirão que se sentirão mal, impotentes, envergonhados, enraivecidos, procurarão desculpas, outros se dirão aliviados, afinal um tormento a menos.
Preocupante é o fato de que o número de pessoas que integra o primeiro grupo não é pequeno, não.
Uma vez que a solução vinda de fora incomode, seu efeito será sempre maior quando não for apresentada apenas para o indivíduo, mas para o grupo. Por isso, alguns palpites e dicas é melhor que seja “no particular”.
Se o mérito não lhe incomodar, uma insinuação, uma leve dica que conduza à conclusão abrirá a porta para a aceitação.
Seu interlocutor ficará com o mérito? Sim, mas isso acontece o tempo todo.
O seu objetivo é resolver o problema, não é? Ora, então deixe que fique com os louros. Você e ele saberão a verdade. Não é suficiente?
Puro exagero? Pode parecer até que nos defrontemos com o fato.
Não fomos preparados para trabalhar em grupo, aceitando opiniões e sugestões. Nem na família, nem nas escolas. Já fiz esse exercício inúmeras vezes.
Dia desses, um amigo dizia ao outro: – Procure alguém para ajudá-lo, faz tempo que você está com esse problema na sua área.
Ele pensou, pensou e respondeu: – Pra quê, pra que digam que sou incompetente?
Que pena que a reflexão o tenha levado a essa conclusão. A competência está em encontrar e fornecer a solução e não em criá-la.
Se buscar ajuda, no seu ambiente de trabalho, for encarado como ponto fraco, comece a trabalhar para mudar a mentalidade para que se torne o ponto forte.
Para saltar de uma pedra à outra, às vezes é necessário alguém que nos estenda a mão. Para quem se incomoda, não é um processo fácil. Dizia um famoso escritor e colunista americano: “Quando um amigo faz sucesso algo morre dentro de mim”.
Em gestão, o preço da demora pode ser muito alto, então é melhor um conselho agora do que um advogado e um psiquiatra e suas tarjas pretas mais tarde.
Esse processo de adição de competência é bem interessante e está diretamente associado à personalidade do homem.
Quem menos precisa é quem mais procura e aproveita, vejamos: um, apesar do privilégio da genética, mantém boa alimentação, faz exercícios com frequência, check-up todo ano, não se descuida. O outro, que não teve a mesma sorte, se alimenta mal, é sedentário, resiste em ir ao médico, e mesmo quando vai não o ouve. Quem você acha que está mais propenso a ser o primeiro a receber um convite dos céus?
O que leva um gestor que se digladia com os resultados não procurar ajuda para mudar o panorama?
Sabemos que um dos aspectos é a falta de consequências. Quando há o risco de perda de emprego e também da empresa alguns se mexem, mas nem todos.
Para buscar ajuda é necessário reconhecer, efetivamente, que precisamos, afinal é o único jeito de aceitá-la. Tenho amigos que fazem terapia há décadas, já pagaram sozinhos os apartamentos de seus médicos, não o trocam por nada e acham que eles sempre estão errados.
O que me levou a tratar deste tema?
Uma observação de um controller que ouvi esta semana e uma matéria que me enviaram.
A empresa tem dificuldades para rolar as dívidas por causa da frequência de resultados negativos. Sugeri ao controller que convidasse e conversasse com especialistas para repensar os negócios, pois uma hora as questões não terão solução.
Respondeu que é política do presidente resolver tudo internamente e que não usam esse tipo de expediente.
No dia seguinte, coincidentemente, recebi uma matéria que tratava de uma pesquisa do jornal britânico Financial Times sobre os sete pecados capitais na visão dos próprios CEO:
1. Controle exagerado;
2. Vaidade;
3. Hesitação;
4. Não sabe ouvir;
5. Ser agressivo;
6. Medo de conflito;
7. Não ser sociável.
Façamos a pergunta novamente: por que uma empresa que tem prejuízos anos seguidos não procura ajuda?
Talvez fique mais interessante ler este artigo de baixo para cima!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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