Entre homens e meninos
Entre homens e meninos
Diz um antigo adágio que as diferenças entre homens e meninos são o tamanho de seus sapatos e o valor de seus brinquedos.
Há algo muito mais significativo e precioso que essa transição incumbe o tempo de levar embora: A capacidade de sonhar.
A poder de materialização do homem não supera a do menino de sonhar. Deitado sob um céu azul e nuvens brancas, faz destas figuras inimagináveis!
O verde para este homem feito não é o mesmo para o menino que deixou no passado. Descalço, sem camisa, com o velho e roto calção, corria, com a brisa afagando seu rosto e cabelos amarelados pelas carícias do sol, que os faziam parecer as barbas do milho.
O verde e o azul do céu, salpicados pelo colorido das flores, atraiam as borboletas e levavam o menino, braços abertos, em desabalada carreira, a segui-las e imitá-las.
Um homem jamais faria isso, seria chamado louco.
Um louco, contido em um terno cinza, como dias chuvosos, com uma gravata que lhe sufoca a vontade de fazer coisas insensatas enquanto corre pelas avenidas.
O menino não queira, mas cresceu. Não entendia porque, mas cresceu!
O brilho do sol não mais o encontra, persianas e filtros nas janelas o impede?
E os sonhos onde ficaram?
Para muitos esquecidos, para outros eram apenas bobagens, alguns os levam nas suas pastas e poucos ainda os mantêm vivos na memória.
Gabriel, o menino, já crescido, volta à sua cidade para visitar a família. Depois de anos afastado, encontra no balcão de uma cafeteria, Clara, uma amiga dos tempos de escola, com a qual conversava e dividia os sonhos. Faziam planos, para ela a realização seria viajar pelo mundo.
Depois de conversarem um pouco e contar o que tinha feito, feliz com o reencontro, o rapaz, olha-a com carinho e pergunta: – E os seus sonhos?
Como se nada daquilo tivesse significado e sequer lhe importasse mais, nem mesmo aquele momento, ela responde: – Cresci!
Nossas universidades estão repletas de jovens correndo, de braços abertos, enquanto sonham. Para impedir suas loucuras os fazemos crescer e esquecer os delírios de criança.
Não os incentivamos a empreender, a criar, a imaginar.
Agimos como o pai que dá ao filho o mais belo e colorido carro bombeiro que encontra e se irrita ao vê-lo, alguns minutos mais tarde, brincando apenas com a caixa.
Como? Aquilo custou uma fortuna e o garoto não dá valor!
O carro de bombeiro talvez fosse seu sonho de criança, não o do filho. Mas, e a caixa?
Ah, a caixa…
Esta é a nuvem que pode assumir todas as formas. Um carro, uma casa, um avião, um foguete. Depende apenas da imaginação.
Esta é uma época de festas, muitos presentes nos serão dados, muitas caixas estarão sobre nossas mesas. Champagnes, vinhos, whiskys, agendas.
Que tal reunir os amigos, abri-las sob um céu azul, sentindo calor do sol, enquanto recuperamos nosso velho e peralta modo de ser, deixando que caixas e nuvens tomem formas, que resgatem nossa capacidade de sonhar, sentido a alegria de viver entre homens e meninos?
Feliz 2.011, saúde e muito sucesso!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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