O lucro no divã
O lucro no divã
Como se sentiria o lucro se fosse uma pessoa e lhe disséssemos: – Você é prejudicial à saúde da empresa!
Certamente ficaria maluco tentando entender o que estava acontecendo, ou, quem sabe, entraria em crise existencial!
O lucro, muitas vezes, age como aquele pai, mãe, tio, avô, que, cheio de boas intenções, não contribui muito na formação do protegido.
A mesada é cortada porque o acordo firmado não foi cumprido, mas escondidos eles fornecem o dinheiro.
Considere que você tem um funcionário que falta, chega sempre atrasado, então, não só espera, mas determina que o RH de sua empresa faça os devidos descontos na folha de pagamento, mas não vê sua ordem acatada. Estes ficam preocupados com a falta que essa verba fará na vida do cidadão.
Sabe quando ele vai se corrigir?
As situações podem variar, desde pequenas peraltices até casos bastante sérios.
O trabalho em consultoria nos ensina a oferecer o ombro, então vivenciamos e participamos de momentos bons e ruins, empresariais e pessoais.
O pior momento em que uma pessoa pode estar envolvida como ator ou como expectador é quando a droga se faz presente.
Infelizmente, vários amigos, clientes e conhecidos, enfrentaram e enfrentam o inferno de ver o filho dependente.
Um deles, que acabou perdendo o garoto, me dizia: – Ainda hoje me pergunto se fiz tudo que poderia ter feito. Acabamos nos dividindo, tentando ajudá-lo, mas acredito que podemos ter cometido um mal maior. Enquanto um tentava manter um forte controle de suas saídas, o outro dizia que não queria ser o vilão. Permitia as escapadas e até fornecia dinheiro. Acabou da pior forma.
Paramos de nos culpar, não porque chegamos a um entendimento, mas porque não mais conseguimos conviver.
Falemos do lucro, aspecto complexo, mas não tão dramático.
O lucro pergunta ao seu analista: – Que mal faço? Só procuro levar o bem às empresas e às pessoas. Reconheço que sou exigente e preciso de multiplicação, mas também quanto maior mais posso oferecer.
Empresa é um organismo que necessita de evolução, e rápida. Na década de oitenta dávamos os primeiros passos para o uso efetivo dos computadores pessoais, hoje é impossível não ter um.
No início dessa década, o controle de caixa em planilhas não era possível. A memória do computador não permitia uma planilha com pouco mais de quarenta linhas e trinta e um dias.
Em muitos cursos de linguagem basic o recurso de gravação eram fitas cassetes. Sim, as mesmas usadas para gravar músicas, e eram operadas na mesma velocidade.
Você consegue imaginar isso hoje?
Pense comigo: – Que fim tiveram as empresas que não se atualizaram e continuaram fabricando aqueles computadores e aquelas fitas?
Como tudo era novidade, elas tinham lucro. Se alguém lhes dissesse que tinham que evoluir, poderia ouvir: – Para que se estamos bem, geramos lucros todos os meses?
Gosto de biografias e histórias empresariais, pois o passado diz muito sobre o futuro. A ignorância de muitos levou à fogueira a sabedoria de poucos.
O diabo é ciumento, individualista, considera essa uma tarefa exclusiva dele e não gosta de concorrência. Cada vez que queimamos um sábio, ele se põe contra nós e reserva dias piores. Não porque se importe com estes, mas porque se importa com ele.
Diz o analista ao lucro: – Que fariam as pessoas se você se retirasse?
Este diria: – Provavelmente reagiriam, sairiam da cômoda posição, buscariam novas soluções, provocariam revoluções. Nem todos, alguns se deixariam levar pelo desânimo.
Pensa o analista e comenta: – E se você mostrasse apenas mau humor? Dá umas escapadas e volta, deixando sempre uma ponta de esperança.
O lucro com olhar matreiro responde: – Ah, seria muito interessante, vai provocar muito mais!
Encerrada a sessão, levanta-se do divã e segue matutando o que fará para que as empresas o tratem com atenção e o multiplique.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Autor dos trabalhos Livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Free e-book: Prospecção de clientes e de oportunidades de negóciosSimulador de resultados adotando premissas
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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