Schlock, um jeito novo de viver?
Será possível que um dia as pessoas passem a comprar produtos com funções as quais sequer sabem sua utilidade, sem idéia como usá-las, ainda que o objetivo principal da compra não seja atendido?
Parece loucura? Não na opinião de Mattew E. May que nos lembra: “Nosso celular tira fotos, manda mensagens, grava vídeos, toca músicas, mas quando se trata de sua principal função que são as ligações…”
E reforça que a questão se torna perturbadora por tolerarmos o fato, aguardarmos novos modelos, comprando, descartando o antigo, ainda que o novo não seja melhor, apenas mais barato e complexo.
Os debates e discursos sobre excelência em qualidade destacam que esta gera vantagens competitivas, e separa os líderes de seus seguidores, incentivando empresas e empresários a abandonarem a mediocridade – a insignificância -, mas estará o consumidor, realmente, interessado nisso?
A inundação de mercados com produtos ruins tem mostrado outra realidade: a de que empresas estão lucrando com péssima qualidade!
Diziam meus avós, quando nos pegavam com comportamentos desleixados, que fazer bem feito e mal feito leva o mesmo tempo. Parece que os conceitos estão mudando: dois mal feitos superam um bem feito, desde que o objeto requerido para a troca seja menor. É ruim? Sim, mas é barato!
Estaria a excelência em qualidade ingressando na lista das virtudes a caminho da extinção? Deixaremos, um dia, a caixa de pandora escancarada, para que a única coisa que ali ainda resta, a esperança, escape de vez?
Nossas empresas estão, realmente, voltadas à constante busca da melhoria, do aperfeiçoamento ou consideram isto demasiadamente trabalhoso e sem valor? Quantas, definitivamente, podem contar com o comprometimento de seus gestores, com trabalho duro, demorado, exaustivo, assumindo riscos?
É importante que o avaliador esteja atento à regra estabelecida pelo avaliado: “Diga como serei avaliado e agirei como tal.” Por que razão alguém correria riscos, arriscaria a carreira, se é mais fácil seguir?
O que determina a recompensa dos gestores na sua empresa, o lucro imediato ou a construção do futuro?
Criativo o homem sempre foi, arrojado às vezes, sensato nem sempre!
Romântico, determinado, Collins P. Huntington, fundador da Newport News Shipbuilding and Company Drydock, que se tornou o maior estaleiro de propriedade privada nos Estados Unidos, disse: “Construiremos aqui bons navios, com prejuízo se necessário, mas sempre bons navios”.
No outro lado da moeda temos a praticidade, alimentada pela chama da pressa, que cria um novo conceito: Schlock!
Schlock é uma palavra inglesa, com origem no iídiche, que pode ser traduzida como algo inferior, de má qualidade, barato.
Este conceito o vejo mais forte e com maior amplitude do que descartável, pois não estamos falando apenas de produto, mas de um jeito ver, de ser, de estar conectado com tudo que nos cerca, provocando atitudes, atraindo seguidores.
Contraditório, o homem nos provoca:
O paradigma é a sustentabilidade!
O paradoxo é como ser Schlock com sustentabilidade?
Um conceito que veio para ficar ou também será descartável?
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Articulista, Escritor, Palestrante
www.postigoconsultoria.com.br
Rodrigo Postigo, Editor chefe e apresentador, traz o maravilhoso mundo da engenharia até você na TV FACENS.
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Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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