A negligência com a competição cria a concorrência
O automóvel substituiu o cavalo, ainda que na época algumas pessoas não acreditassem que o faria. Acha estranho?
Contam que o Presidente do Michigan Savings Bank , em 1903, recomendou que Horace Rackham, advogado de Henry Ford, não investisse na Ford Motor.
Teria dito: “O automóvel não passa de uma moda passageira, o cavalo veio para ficar.”
Rackham ignorou o conselho, comprou 5.000 dólares de ações que vendeu, anos depois, por 12,5 milhões de dólares.
Quando a TV surgiu, o rádio já fazia enorme sucesso. Muitos diziam que as pessoas não se interessariam por aquele produto, afinal quem quisesse ver imagens sairia às ruas. Você já sabe o resultado.
Quem imaginaria a máquina de escrever como peça de museu? Há algum tempo poucos, não?
Apenas o filho de um amigo quando a viu achou a última invenção.
Com menos de cinco anos, acostumado a mexer nos computadores do pai, um dia ao entrar no escritório do avô o viu datilografando um documento. Correu para perguntar à mãe se tinha visto o computador do avô que imprimia assim que este digitava!
A velocidade em datilografia, exaltada no passado, pouco importa hoje se não tivermos conhecimentos de informática, não é verdade?
Onde estão produtos como o carburador, o telex, o fax, o mimeógrafo, as gelatinas usadas nos livros contábeis, discos flexíveis para computador, aparelhos de TV preto e branco, toca-fitas de carros e tantos outros? A lista é imensa.
O surgimento de alguns produtos provocou enorme impacto no mercado, deixando fábricas inteiras obsoletas e uma multidão de pessoas sem qualificação para novas atividades.
Nasceram do dia para a noite? Claro que não, mas muitos cresceram no espaço deixado pelo descrédito.
Ainda que antenados no mercado, um pequeno descuido pode nos trazer grandes estragos.
Nesse sentido, vale a pena ler os relatos de Andy Grove, co-fundador e ex-CEO da Intel, na tumultuada jornada para construção da que seria a maior fábrica de chips do mundo.
Em 1985, enquanto se debatiam para encontrar soluções para os problemas que estavam destruindo a organização, Grove perguntou à Moore, então CEO: “Se nos chutassem e o conselho colocasse outro CEO no comando, o que ele faria?”
Gordon disparou: “Acabaria com o negócio de memórias.”
Grove, ainda perplexo, lhe disse: “Por que você e eu não saímos por aquela porta, voltamos e fazemos isso por nossa conta?“
Naquele momento os japoneses não apenas competiam, mas concorriam de forma tão intensa que iriam tirá-los dos negócios.
Foi o que fizeram, partindo para a fabricação de microprocessadores.
Suas reflexões sobre liderança estão em seu livro “Só os paranóicos sobrevivem”.
Todos os dias, em algum lugar, algum produto ou empresa, é superado pela falta de atenção de seus gestores.
Como diz Vitor Orlandi: “Cheguei onde ninguém acreditava, permaneci onde alguns nunca foram, estou indo para um lugar onde poucos conhecerão.”
A prevenção é obtida quando o cliente é o foco e não o produto. Veja o que diz Michael Dell, da Dell computadores:
“Desde o início, toda nossa empresa, desde a criação, passando pela produção, até as vendas, foi orientada para a atenção ao cliente”.
Isso basta? Digo que não!
A organização precisa aprender para reagir. Desta linha de raciocínio vem a lição de Jack Welch, na oportunidade CEO da GE:
“Nosso comportamento é guiado por uma crença básica fundamental: o desejo e a capacidade de uma organização para aprender continuamente com qualquer um, em qualquer lugar, e converter rapidamente tais ensinamentos em ação, para obter vantagem competitiva máxima”.
Aprendamos então com o conselho de Marcelo de Souza Bastos:
“Aproveite as idéias que as pessoas te apresentam, pois até mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia”.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Twitter: @ivanpostigo Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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