Poder: para o bem ou para prejudicar
Existem vários tipos de poder: poder do cargo que se ocupa em uma organização, poder de influenciar pessoas para um objetivo comum (ou desviá-lo dele), poder da negociação bem direcionada (onde todos ganham e são beneficiados), poder de conhecimento e outros que podem fazer uma organização e os projetos fluírem ou serem um grande peso. Tive uma experiência dramática com a responsável pela área em que trabalhava em uma agência digital.
Eu havia terminado o layout para um cliente bem no prazo determinado. Feliz pela conquista, apresentei o resultado final para a responsável pela minha área. Logo ouvi uma crítica pessoal com relação ao meu trabalho:
– Tem cinza. Não gosto de cinza! Mude esta cor.
Tentei explicar o motivo do uso do cinza na composição do layout do site do cliente:
– O cinza ajuda a dar foco em outras partes do site do cliente que são importantes para o negócio dele.
– Não gosto de cinza, mude a cor ou não irei apresentar para o cliente.
Neste momento resolvi apelar e utilizar o poder de negociação para não perder todo o trabalho desenvolvido:
– Vamos fazer o seguinte: apresente o layout ao cliente e, se ele não gostar, eu mudo para o jeito que você deseja – pois sabia que seria aprovado.
A proposta foi aceita na hora e sem relutância. Enviei o layout por e-mail e rapidamente ela telefonou ao cliente. Após alguns minutos ouço a seguinte conversa:
– Você gostou do layout?! É mesmo?! Que bom! E o que você achou da cor de cinza no layout? Você não acha que poderíamos mudá-la? O que eu acho, bem, eu não gosto do cinza e acho que poderíamos utilizar uma outra cor. Você não acha a mesma coisa? Ah, sim, então vou pedir para mudar agora mesmo.
– Éber, conversei com o cliente e ele pediu para você mudar a cor cinza para outra.
Pasmo. Fiquei pasmo em perceber que pouco importava a economia de energia para atender a necessidade do cliente só para atender a um gosto pessoal. Interesses conflitantes é um dos problemas mais recorrentes durante o desenvolvimento de um projeto. Muitas empresas, e pessoas diretamente relacionadas a projetos, perdem dinheiro e deixam de atender aos prazos para satisfazer interesses estritamente pessoais.
O uso do cargo como poder não é para aumentar o escopo do projeto, mas para ser um facilitador ao negociar com o cliente.
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Com mais de 10 anos de experiência em Design, trabalho como Consultor de Negócios para a AlfaPeople através da minha empresa Creative Company Consultoria há mais de 3 anos. Possuo formação em Design de Interface pela PUC-SP e estudo Administração de Empresas na FGV.
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