Marketing Societal: Quais Empresas Atenderão o Segmento dos Pobres?
Marketing Societal: Quais Empresas Atenderão o Segmento dos Pobres?
Seja por meio de produtos de baixo custo ou produtos de alto valor agregado com preços elevados e alinhados ao seu glamour, a nova conjuntura econômica impõe uma condição ímpar às organizações: Oferecerem produtos para um grupo específico que talvez não possa pagar.
Bem sabemos que a empresa não existe para fazer caridade, mas o seu caráter social é importantíssimo ao se tratar do desenvolvimento da economia e da sua responsabilidade social, principalmente em momento de crise econômica como a que estamos vivendo.
A base empresarial alicerçada nas necessidades e desejos dos cidadãos nos convida a um novo pensamento mercadológico.
Primeiro: Quantos consumidores deixarão de adquirir o nosso produto por motivo de “aumento de preço”?
Segundo: Quais serão os impactos sociais negativos causados pelas ações da nossa empresa?
É de conhecimento de muitos as ações sociais que empresas de diferentes setores vêem desenvolvendo no intuito de “beneficiar a sociedade”. São fundações, doações, ações sociais direcionadas a saúde e a educação, que mais reforçam a marca da empresa do que provocam uma verdadeira mudança na expectativa de qualidade de vida dos seus cidadãos. Ao observamos com um olhar mais crítico, notamos que as ações de marketing utilizadas de forma irresponsável gera mais necessidades e desejos do que os supre. O apelo à compra, e a promessa de ser mais bem sucedido através deste, ou daquele produto, desperta em muitos o desejo do impossível, pelo menos, em determinado momento.
O impossível passa pelo sentimento de frustração e impotência e se apresenta no pai que não pode comprar um doce para a filha que chora, e na filha adulta que vê o seu pai “derrotado”, e não ter no mínimo um emprego para sentir-se digno.
O verdadeiro marketing societal é aquele que desperta a possibilidade de inclusão e não de exclusão dos seus indivíduos na sociedade a qual pertencem. Propõe e não impõe uma necessidade ou desejo. Ajusta e não se injustiça ao colocar a margem, alguns espectadores de vitrines (AURELIANO, 2009).
Na voz de Georges Canguilhem, filósofo e médico francês, “O homem sadio não foge ante os problemas colocados por rupturas às vezes súbitas de seus hábitos […]” Esta reflexão transferida para o marketing social remete as organizações ao pensamento responsável, medido porque não, através dos fatos sociais positivos e negativos que gera. A empresa faz parte de um sistema maior e, portanto, participa de um “fato social total”.
Se olharmos ao nosso redor, e observarmos cada vez mais o aumento de pessoas excluídas da possibilidade de consumir, como resultado de ações mercadológicas marginalizadoras e ideológicas, parafraseando Canguilhem, poderemos dizer: “A empresa sã, não foge ante os problemas colocados por rupturas às vezes súbitas de suas ações corporativas e mercadológicas inadequadas, mas antes, preocupa-se e responsabiliza-se pela sociedade e seus cidadãos na verdadeira proposta de agregar valor aos seus negócios e melhores oportunidades de trabalho e vida aos seus futuros consumidores, os pobres de hoje”.
Boa reflexão!
Autor
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PhD em Administração de Empresas pela Flórida Christian University (EUA) PhD em Psicologia Clínica pela Flórida Christian University (EUA) Psicanalista e Diretora de Assessoria Geral da Sociedade de Psicanálise Transcendental. Mestre em Administração de Empresas pela USP. Especialista em Estratégias de Marketing em Turismo e Hotelaria pela USP, MBA em Gestão de Pessoas, MBA em Metodologia e Didática do Ensino Superior e Especialista em Informática Gerencial.
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