A Falta de Tempo dos Executivos Não é Verdade
A Falta de Tempo dos Executivos Não é Verdade – A Pesquisa da Manager confirma o senso comum. O executivo brasileiro é um homem ou mulher sem tempo. Tivesse tempo, buscaria o que tanto precisa: informação, conhecimento e novas competências. Mas não será a falta de tempo mais um mito da vida de executivo?
Estilo de vida.
Talvez tudo se resuma a uma questão de estilo. Quando um executivo ascende a um cargo importante, o pacote já vem pronto: carro, secretária, agenda lotada e assistência médica, para as primeiras pontes de safena. Dai em diante, a cordialidade e a disponibilidade desaparecem. Em seu lugar, o executivo tem de parecer ocupado e distante, o relógio no pulso e o mundo nas costas. Executivos estão sempre com a mente no trabalho e os olhos no relógio. Nesta era turbulenta e incerta, a obsessão pelo trabalho foi glamourizada e transformada em estilo de vida. A ansiedade tornou-se estado (permanente) de espírito e o. tempo tornou-se moeda escassa.
“Ter poder é controlar o tempo dos outros e o seu próprio”. Jacques Attali
Senhor(a) do tempo.
O tempo atual, moderno, é único, rítmico e apertado. Único, porque todo o planeta está conectado e sincronizado. Rítmico, porque todas as atividades da nossa vida social são marcadas pelas horas. Apertado, porque precisamos produzir cada vez mais usando cada vez menos recursos.
Tudo isso é recente. Se vivêssemos antes da Revolução Industrial, não teríamos relógios e seguiríamos o ritmo ditado pela natureza. Observaríamos o tempo pelas mudanças de luas e pelas trocas de estações. O primeiro sinal de transformação provavelmente veio com o apito das fábricas chamando os operários para a jornada de trabalho.
“A máquina-chave da era industrial moderna não é a máquina a vapor, mas o relógio”. A partir dai, um padrão artificial se impôs. O homem passou a ser senhor do tempo, mas passou também a ser seu escravo. Jacques Attali
Tempo em fuga.
Até a década de 70, só se usavam relógios de mostrador e ponteiros iguais a todos os relógios de parede do passado. Nesses relógios o tempo dava voltas, sempre retornando ao mesmo ponto. A revolução veio com os relógios digitais, que substituíram o mostrador pela tela de cristal liquido No lugar do mostrador e dos ponteiros, seis números: dois para as horas, dois para os minutos e dois para os segundos. Foi quando começamos a perceber que o tempo não mais flui circularmente, mas fugia velozmente, escapando do nosso o controle. Hoje, o relógio é um dos bens mais produzidos no mundo. Sai anualmente das fábricas algo próximo de meio bilhão de relógios.
No inicio de nossa vida, o tempo é um ser invisível. Mais concretas são suas manifestações: a chegada das férias, a entrada do verão ou a aproximação do Natal. Um belo dia, alguém tem a infeliz idéia de nos dar um relógio. Somos abruptamente iniciados no mundo da pontualidade, do sincronismo e dos tempos artificiais. Então, num outro também belo dia, nos damos conta de que 24 horas já não são suficientes para todas as atividades que nelas queremos colocar: reuniões, relatórios, compromissos. Ai já é tarde demais, tornamo-nos reféns das intrincadas engrenagens da vida social. Não somos mais danos do nosso tempo.
Mestre do seu tempo
A atitude das pessoas diante do tempo é curiosa. Alguns tentam culpá-lo por todas as coisas que não são feitas. Por que, afinal, o dia não tem 30 horas, outros se organizam para mais bem aproveitar suas 24 horas. O filósofo Michel Setres chegou a sugerir: “Agora, todo mundo tem relógio e ninguém tem tempo. Troque um pelo outro: dê o seu relógio e aproveite o seu tempo”.
Pode o executivo tornar-se mestre do seu tempo? Certamente sim. Provavelmente, a primeira coisa a mudar é a atitude, ou estilo. Como qualquer arte, a mestria do tempo exige disciplina, paciência e, lógico, tempo. No final das contas, não vale a pena fazer mau uso do tempo.
“Em longo prazo, estaremos todos mortos”. John Maynard Keynes
Executivos atômicos
O mais interessante é que, embora pareça, o tempo não é uma constante física. Como observou Albert Einstein na Teoria da Relatividade, o efeito do movimento e da gravidade pode expandi-lo ou dilatá-lo. A idéia foi comprovada em 1971 quando dois relógios atômicos foram colocados a bordo de dois aviões de alta velocidade. Um voou no sentido da rotação da terra. O outro, no sentido inverso. Completado o vôo, foi comprovado que os relógios de bordo haviam ganhado tempo, em um caso e perdido tempo em outro caso, em relação a um terceiro relógio atômico, deixado em terra. Talvez seja por isso que a frota brasileira de executivos seja uma das maiores do mundo. Resta saber se esses executivos estão voando na direção certa.
Autor
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PhD em Administração de Empresas pela Flórida Christian University (EUA) PhD em Psicologia Clínica pela Flórida Christian University (EUA) Psicanalista e Diretora de Assessoria Geral da Sociedade de Psicanálise Transcendental. Mestre em Administração de Empresas pela USP. Especialista em Estratégias de Marketing em Turismo e Hotelaria pela USP, MBA em Gestão de Pessoas, MBA em Metodologia e Didática do Ensino Superior e Especialista em Informática Gerencial.
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