As Mulheres Empreendedoras e as Organizações
Sendo ou não uma tendência, os principais motivos que atraem as mulheres para o mundo do empreendedorismo ainda giram em torno das necessidades financeiras. De acordo com a pesquisa, apenas 37% das empreendedoras investem num negócio para aproveitar uma oportunidade de mercado, contra 63% que vislumbram o sustento. Entre os homens os percentuais são bem distintos: 64% abrem um negócio para aproveitar um nicho de mercado, em relação aos 38% restantes que o fazem por necessidade.
Os empreendimentos por necessidade são mais freqüentes entre as mulheres porque muitas delas precisam conciliar as atividades domésticas e o cuidado com o negócio. “Por ser uma atividade mais flexível, o empreendimento se torna uma atividade secundária para elas e uma forma de complementar a renda”.
Outro motivo que tem levado o sexo feminino a empreender mais é a discriminação salarial do mercado de trabalho. Basta analisar os resultados do estudo divulgado pelo IBGE, em março deste ano, com base na Pesquisa Mensal de Emprego das seis principais regiões metropolitanas brasileiras. Segundo o levantamento, as mulheres recebem, em média, 30% menos do que os homens. “Por isso, a opção pelo empreendedorismo tem sido uma saída para elas buscarem melhores resultados financeiros”.
O fato de as mulheres estudarem mais, como aponta o GEM Brasil 2007 – 60% têm 11 anos ou mais de estudo, enquanto entre os homens o índice é de 52%, também se reflete no aumento do índice do empreendedorismo feminino. Apesar de a maioria delas ainda não ter o Ensino Superior, elas estão mais preparadas educacionalmente do que os homens.
O sucesso da mulher no mundo empreendedor também está relacionado à maior liberdade que ela tem em arriscar. Por ter menos a perder e por ser menos cobrada pela sociedade, as brasileiras se sentem mais livres para correr riscos, relata. No caso dos homens, a cobrança social tem um peso maior. Muitos deles são chefes de família e pensam duas vezes antes de sair do emprego para tentar algo novo.
Segundo especialistas, algumas características femininas, inclusive, se sobressaem às masculinas e favorecem o espírito empreendedor. As mulheres são mais intuitivas, preocupadas com o cliente, flexíveis, além de terem um relacionamento interpessoal melhor, nível de confiança maior e poder de comunicação mais eficaz. Os próprios estudos internacionais comprovam isso. Esses fatores, obviamente, são um diferencial favorável a elas, enfatiza o professor do IBMEC São Paulo.
Embora as mulheres do Brasil empreendam mais por uma questão de necessidade, elas têm um grande potencial para empreender por oportunidade. Quanto mais o país se desenvolver, mais o sexo feminino terá a oportunidade de ingressar no empreendedorismo para atender um nicho de mercado. Isso é uma questão de tempo.
Sobrevivência no mercado
Apesar de a mulher ter superado a participação do homem nos empreendimentos de estágio nascente e nos empreendimentos novos, ela permanece em desvantagem quando o assunto é negócio estabelecido, ou seja, empreendimentos com mais de 42 meses de criação. O GEM Brasil 2007 identificou que o sexo feminino tem apenas 38% de participação, contra 62% do masculino. Para Andrade, há duas hipóteses que podem explicar o fato.
A primeira está relacionada ao fato de que elas não conseguem transformar seu empreendimento em uma atividade consolidada e, portanto, suas empresas fecham as portas. A segunda hipótese é que, por ser recente seu ingresso no universo do empreendedorismo, ainda não houve tempo para seus empreendimentos se consolidarem.
Quem são e onde estão essas mulheres?
A presença da mulher no empreendedorismo está tradicionalmente relacionada às áreas que envolvem o universo feminino, tais como alimentação, estética, beleza e moda. Os dados do GEM 2007 apontam que 37% das empreendedoras brasileiras estão inseridas no comércio varejista – artigos de vestuário e complementos – 27% delas na indústria de transformação – confecções, fabricação de produtos alimentícios, fabricação de malas, bolsas – e 14% nas atividades de alojamento e alimentação.
Mesmo com as mudanças culturais e sociais do século XXI, as mulheres ainda enfrentam uma série de preconceitos, principalmente quando estão à frente de um negócio, isso acontece, ainda que em pequena escala, porque a sociedade brasileira ainda é muito conservadora.