Contratação de profissionais: certificados ou com pós-graduação?
Nas empresas e nas instituições de ensino esta pergunta é rotineira: o que é mais importante para contratar um profissional na área de projetos: ter uma certificação profissional ou ter cursado uma pós-graduação específica na área.
A certificação profissional mais conhecida na área de gerenciamento de projetos é a PMP – Project Management Professional, concedida pelo PMI – Project Management Institute. Para obtenção do certificado, o candidato deve ser aprovado em um exame com 200 questões e duração de 4 horas. Trata-se de um exame complexo que aborda as práticas contidas no PMBOK – Project Management Body of Knowledge, que é a base de conhecimento do PMI. As práticas estã o divididas em nove disciplinas e responsabilidade profissional (ética). As nove disciplinas são: gerenciamento do escopo, de riscos, de custos, da comunicação, dos recursos humanos, do tempo, da qualidade, de aquisições e gerenciamento da integração.
Um dos fatores mais importantes para a realização do exame é gerenciar o tempo, pois o candidato tem apenas 72 segundos para cada uma das questões, por isso, deve controlá-lo, para que possa responder a todas as questões. A realização do exame é monitorada por câmeras para evitar qualquer tipo de fraude, trazendo ao exame e à certificação credibilidade em nível mundial.
Para realização do exame com vistas à obtenção da certificação PMP, há dois requisitos básicos: o primeiro é ter tido um treinamento formal em gerenciamento de projetos de no mínimo 35 horas e ter experiência em gerenciamento de projetos de 4.500 horas (se o candidato tiver curso superior) e 36 meses de atuação nos últimos 6 anos. Se o candidato não tiver curso superior, deve ter 7.500 horas de experiência em gerenciamento de projetos e 60 meses de atuação nos últimos 8 anos.
Esta certificação – seja pela dificuldade de aprovação no exame, seja pela dificuldade em credenciar-se para sua realização – é muito valorizada no mercado. Tanto que muitas empresas solicitam que seus gerentes busquem esta certificação. Há empresas que pagam a taxa de inscrição (US$555), outras pagam 50% do valor, e outras condicionam o pagamento da taxa à aprovação do funcionário, ou seja, atuam na modalidade de “ressarcimento”. Algumas empresas, quando da contratação de um profissional, através da área de Recursos Humanos, pesquisam em página específica do site do PMI – https://certification.pmi.org/registry.aspx – se o candidato possui a referida certificação. Em caso afirmativo, é possível identificar desde quando o profissional é certificado.
O Benchmarking em Gerenciamento de Projetos – Brasil 2009, realizado pelos 13 chapters brasileiros do PMI com 300 organizações, detectou que 16% da amostra pesquisada já possui um programa formal de preparação para a obtenção do certificado PMP e 43% das empresas pesquisadas pretendem desenvolver.
Outro aspecto importante é que a certificação PMP tem validade de 3 anos; entretanto, poderá ser renovada por períodos iguais, desde que o profissional comprove atuação na área de gerenciamento de projetos, participando de eventos, ministrando cursos, publicando artigos e livros. Desta forma receberá PDUs (Professional Development Unit) e a cada ciclo de 3 anos deverá obter um mínimo de 60 PDUs para renovar automaticamente o certificado, sem necessidade de realizar um novo exame.
Já, os cursos de pós-graduação específicos na área de gerenciamento de projetos são em geral, baseados no PMBOK do PMI, com ênfase nas nove disciplinas anteriormente mencionadas. Um curso de pós-graduação lato sensu, além de possibilitar que o estudante tenha contato teórico e prático (pesquisas, exercícios, simulações, leituras, etc.), obriga que o aluno desenvolva uma monografia – estimulando a pesquisa acadêmica na área. Adicionalmente, o ambiente universitário de interação do estudante com professores e colegas de classe possibilita uma rica e ampla troca de experiências e vivências profissionais.
Um cuidado é não confundir um curso de pós-graduação com extensão universitária, pois uma pós-graduação destina-se a pessoas já graduadas, tem duração mínima de 360 horas e há necessidade do desenvolvimento de monografia como atividade de pesquisa para conclusão do curso, que em muitos casos são submetidos à uma banca examinadora. O processo de seleção pode envolver a realização de entrevistas, análise curricular, e até, exames específicos. Por outro lado, um curso de extensão universitária, tem um nível de exigência muito menor, tanto na admissão como na conclusão, pois o estudante não precisa ser graduado e não há necessidade de elaboração de monografia final. Os cursos de extensão podem ter qualquer duração, em número de horas.
Assim, retornando ao título deste artigo, no qual era questionada a forma de valorização para contratação de profissionais na área de gerenciamento de projetos, se “certificados” ou se “pós-graduados”, tem-se que considerar dois pontos importantes: (1) uma pós-graduação específica, possibilita que o profissional tenha um bom nível conhecimento teórico da área, com aprofundamento em pesquisa; adicionalmente, está implícito que se trata de uma pessoa com graduação em nível superior e pós-graduada, em nível de especialização; (2) em contrapartida, um profissional certificado tem algum treinamento formal na área de projetos, tem conhecimento teórico, pois foi aprovado no exame do PMI e, sobretudo, tem vivência prática recente na área de gerenciamento de projetos de no mínimo 3 ou 5 anos, dependendo do seu nível de escolaridade.
Assim, creio que um profissional que fez uma pós-graduação em gerenciamento de projetos, tão logo atenda aos requisitos de vivência prática, deve buscar a certificação PMP. Por outro lado, o profissional certificado, se ainda não concluiu sua graduação e pós-graduação, deve buscar estes objetivos, em áreas que sejam de seu interesse e/ou de seu universo de atuação. Considero que um título (certificado) e o conhecimento teórico aprofundado (curso) não são mutuamente exclusivos, mas sim, complementares. Os anúncios classificados nos principais jornais deixam isto evidente, quando qualificam os dois requisitos como “altamente desejáveis”. A conjunção de ambos (certificado e curso) torna o profissional com maior diferencial competitivo no disputado mercado de trabalho.