Educação alicerçada em informação e não no conhecimento não qualifica
Educação alicerçada em informação e não no conhecimento não qualifica
Excelência em desempenho é a aspiração de todo gestor, ainda que, com certa frequência, a frase integre apenas o discurso.
A internet, com seu poder de propagação, nos coloca frente a uma questão fundamental e nos ajuda a refletir sobre a diferença entre informação e conhecimento.
Recebemos brutal carga de informação, sem necessariamente ter conhecimento de seu valor e seus efeitos.
Nossas empresas e escolas se arrastam entre o discurso e a aplicação. A questão se complica ainda mais com os EaD, cursos de Ensino a Distância.
Vemos com frequência que empresas não são superadas nas concorrências por falta de informação, mas de conhecimento. Apenas o conhecimento permite avaliar as consequências e gerar prevenções.
Apanhemos um exemplo, onde muitos de nós não têm qualquer domínio, assim poderemos refletir com isenção:
Andando pela floresta amazônica encontramos um lindo animal colorido, que podemos identificar como uma rã.
Pessoas ao nosso redor poderiam melhorar a informação: uma rã venenosa.
Temos informação para evitá-la, mas temos conhecimento suficiente para saber o que isso significa?
Para entender toda a questão são necessários estudos, avaliações e experimentos. Apenas com esse trabalho poderemos melhorar nossa compreensão.
Conhecimento é um processo, ele se alimenta de informações, as gera e melhora sensivelmente sua qualidade. Informações classificadas e cadastradas chamamos de dados. Com essa denominação voltam ao processo.
Modelos educacionais que apenas promovem a circulação da informação, sem seu processamento, produzindo novos conhecimentos, não qualificam profissionais, por isso geram poucos resultados.
Vejamos o caso da pequena rã, após um rápido estudo:
Este pequeno ser é uma das criaturas mais venenosas do planeta. Seu nome científico é Phyllobates Terribilis. O veneno “alcalóide” desta rã causa parada respiratória imediata.
Um espécime adulto tem “homobatracotoxina” suficiente para matar 20.000 cobaias ou 100 pessoas.
O que sabemos é suficiente para prevenção?
Os índios as apanham com folhas de bananeira, a nós seria suficiente pegá-las com um papel?
Galinhas e cães que entraram em contato com um papel toalha onde a rã andou morreram.
Pelo que observamos, certamente que não, não é verdade?
Seu veneno, a “homobatracotoxina”, é extremamente raro e só é encontrado em outros três sapos da Colômbia e dois pássaros venenosos de Papua, Nova Guiné. Entre os animais, apenas a cobra Liophis epinephelus é resistente ao seu veneno, ainda que não totalmente imune.
Os índios o usam na ponta das flechas para facilitar a caça. Estas, esfregadas nas costas das rãs, ficam letais por cerca de dois anos.
Ora, como estes, então, podem comer as caças, sem serem afetados?
Avançamos um pouco mais no assunto, já podemos nos considerar aptos a trabalhar com este animal e manuseá-lo?
Na verdade não. Temos algumas informações, mas não conhecimento suficiente para tanto.
O que sabemos, ao inserirmos no processo, não nos permite avaliar as consequências e produzir as prevenções necessárias, correto?
Voltando ao nosso campo, gestão empresarial, nas empresas muitas questões são tratadas pelas informações obtidas e não pelos conhecimentos necessários, que estabelecem a qualificação.
A cultura do mais ou menos, do puxadinho, é extremamente prejudicial às empresas, fragilizando-as frente à concorrência, principalmente a internacional.
Essa cultura é que faz com que pessoas, apesar da informação não ajam, por não avaliar as consequências, por falta de conhecimento.
Aprendendo a aprender, notamos que aprendizagem é um sistema complexo, que se alimenta dos ambientes que o cercam e devolve informações ao mesmo. Quanto mais aberto às informações, mais poderoso se torna.
Ao ambiente externo apenas informações são transmitidas, pois conhecimento é uma abstração pessoal, com base em experimentações, por isso fica retido, e não pode ser repassado. Aqui reside uma das grandes confusões dos sistemas de ensino e aprendizagem.
No mercado, vemos que fluem com facilidade equipamentos e informações sobre estes, mas não o conhecimento que os materializaram.
Para que as empresas sejam competitivas, não basta atualização tecnológica, é fundamental o desenvolvimento intelectual, cuja fonte é o conhecimento.
Uma reflexão sobre o assunto também pode ser vista no vídeo O pior atraso não é o tecnológico, mas o intelectual.
Para acessá-lo clique no link: http://www.youtube.com/watch?v=x0Sqm68KQFU
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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