Esforço não significa eficiência
Esforço não significa eficiência
Preocupado com o fato de que o trabalho das equipes não estão gerando os resultados necessários, o gestor principal as reuniu e pediu mais colaboração.
Todos, preocupados em garantir o emprego, esticaram o horário de trabalho, durante a semana e também aos sábados e domingos.
Passado um tempo, os resultados não estão agradando ninguém. Aos gestores porque continuam patinando, às equipes porque, apesar do esforço, as críticas e cobranças aumentaram. A pressão chegou a um ponto insuportável.
As contas das horas extras e gastos derivados cresceram consideravelmente. A equipe de custos tem demonstrado que as margens caíram substancialmente e levantou a bandeira que a empresa está “pagando para vender”.
A qualidade está prejudicada. Os inspetores de qualidade não dão conta das inspeções e nem os operadores. Alguns colaboradores temporários foram adicionados ao processo, mas sem treinamento, às vezes, mais atrapalham que ajudam. A aceleração das tarefas e as dificuldades de atenção provocaram brutal aumento do retrabalho e rejeição, levando ao sucateamento de muitas peças.
O trabalho precisa ser feito para atender os pedidos emitidos pela equipe comercial que está preocupada com o atraso nas entregas. Sem estas, também será prejudicada, pois nos meses seguintes perderão vendas e, certamente, espaço nos revendedores, que decidirão no futuro por fornecedores pontuais. Sem contar, claro, com a queda nas comissões, a fonte de seu sustento.
A pressão é tanta que o gestor da fábrica já avisou que se não o deixarem trabalhar “entregará o boné”. As interferências são muitas e as críticas também. O debate tem levado ao seguinte ponto: “Por que, com tantas horas extras pagas, máquinas estão paradas?”
Com a sobrecarga, os equipamentos estão apresentando defeitos e os mecânicos não estão dando conta.
A programação de produção, caótica, trocando as ordens a cada pedido, também tem provocado paradas constantes, uma vez que não há pessoal técnico suficiente para agilizar as mudanças.
O abastecimento das linhas de produção é deficiente, faltando matérias-primas e componentes. Para cortar um pouco os gastos, o pessoal do almoxarifado foi proibido de fazer horas extras. Os colaboradores procuram atender a programação que lhes é apresenta no máximo até as dezoito horas da sexta-feira.
O gestor da fábrica, de posse de uma chave, retira os materiais faltantes, mas como não faz qualquer anotação, os relatórios de estoque não são confiáveis. Isso acirra os conflitos com o pessoal da programação e os compradores.
Entre um conflito e outro, um debate e outro, mais tempo é perdido e mais reuniões são necessárias, não para busca de solução, mas para acalmar os ânimos.
Por um descuido, o gestor do RH deixou escapar que estão em busca de um novo gerente. Ninguém sabe se o objetivo é adicionar mais um profissional ao quadro ou haverá substituição.
Entre tantas paradas, esta é mais uma que tira o foco e desvia a atenção dos colaboradores.
Aos mais antigos, nada disso é novidade. A frase repetida, parece ter sido acordada há muito tempo: Sempre que o mercado aquece a correria acontece!
O caos dificilmente permite o alcance da eficácia – fazer certo – e da eficiência – fazer bem feito.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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