Geração X, Geração Y e baby boomers: sinergia ou cisão em projetos?
Há muitas publicações que tratam das gerações profissionais conhecidas por Veteranos, Baby Boomers, Geração X e Geração Y. Mas, o que efetivamente representam estas gerações? São pessoas diferentes? Vivem e trabalham de forma específica de acordo com sua geração?
Antes de qualquer coisa é oportuno definir o que vem a ser estas gerações, pois estão diretamente associadas ao ano de nascimento das pessoas. Embora haja algumas divergências entre estudiosos do tema acerca das faixas que delimitam as gerações, pode-se apresentar os Veteranos como sendo as pessoas nascidas entre 1922 e 1945; os Baby Boomers, entre 1945 e 1960; a Geração X é constituída das pessoas nascidas entre 1961 e 1979, e a Geração Y das pessoas nascidas a partir de 1980. Assim, grosso modo, os Veteranos representam as pessoas com mais de 65 anos, os Baby Boomers como sendo as pessoas entre 50 e 65 anos, a Geração X como sendo as pessoas com faixa etária entre 31 e 49 anos, e finalmente, a Geração Y como sendo as pessoas com 30 anos de idade ou menos. Pode-se considerar como os principais especialistas neste tema, os norte-americanos William Strauss e Neil Howe, com mais de sete livros publicados desde 1991, porém nenhum ainda em língua portuguesa.
Indiscutivelmente, em períodos distintos da história, os padrões sociais evoluem, as questões políticas e econômicas se alteram, a evolução tecnológica impacta de forma contundente o dia a dia do indivíduo; enfim, o dinamismo do cenário mundial afeta de forma indiscriminada homens e mulheres, em menor ou maior grau, sejam do Brasil, da Sérvia, da Coréia do Norte ou da África do Sul.
Os Veteranos, que nasceram na primeira metade do século passado, viveram a II Guerra Mundial, por isso, são caracterizados como pessoas disciplinadas e obedientes, que respeitam as hierarquias. Em termos de trabalho, são (ou foram) leais às organizações por muitos anos, demonstrando compromisso e longo vínculo. Atualmente, boa parte dos Veteranos já está fora do mercado de trabalho. Os Baby Boomers (a origem da palavra é relativa ao crescimento da natalidade, ou seja, o “boom” de bebês no pós-guerra, sobretudo, nos Estados Unidos, quando os soldados retornavam à pátria) são os que viveram os movimentos estudantis, os Beatles, as ditaduras na América Latina e a luta contra poderes tiranos, a Guerra do Vietnã, o movimento hippie, a Tropicália no Brasil e viram a chegada do homem à lua em 1969. São workaholics e valorizam títulos, status e crescimento profissional. Pode-se dizer que são os responsáveis pelo estilo de vida baseado no consumismo, em conquistas materiais ou que representam algum tipo de poder (intelectual, por exemplo).
A Geração X composta por pessoas que vivem atualmente seus anos 30 ou 40, podem ser considerados céticos com relação à política, como decorrência da repressão que viveram e da frustração da geração anterior. Gostam de alguma informalidade no trabalho, porém são mais desprovidos (materialmente) que os Baby Boomers, pois visam melhor qualidade de vida e um maior equilíbrio. Apreciam as atividades esportivas, os aspectos de saúde, de lazer. Estas pessoas não cogitam permanecer por 20 ou 30 anos em uma mesma organização.
A Geração Y é composta pelos jovens online, os amantes da tecnologia, da Internet, dos celulares, dos e-readers e e-books. São multitarefa (conseguem desempenhar várias atividades simultaneamente) e têm elevada preocupação com o meio ambiente, com a diversidade e causas sociais, engajando-se em trabalhos voluntários e ONGs. Embora dedicados ao trabalho, estão mais preocupados com suas vidas pessoais que as outras gerações. São imediatistas e informais com os pais e superiores no ambiente de trabalho, o que por vezes, faz com que aparentem ser arrogantes. Já se fala em geração Z, a geração conectada, aquela que nasceu a partir de meados da década de 1990, com um “mouse” na mão e um olho na tela do computador.
Neste contexto, pode-se refletir acerca da atuação do Gerente de Projetos que é o responsável pela gestão da equipe do projeto: orientando os profissionais, estimulando-os, incentivando-os, treinando-os, desenvolvendo-os, reconhecendo-os, premiando-os, enfim, fornecendo subsídios e ferramentas para a realização das atividades planejadas no projeto, com a qualidade esperada.
Gerenciar a equipe em um projeto é um dos grandes desafios do gerente, pois nem sempre os interesses individuais convergem para os objetivos do projeto. Ademais, há organizações que trabalham exclusivamente com estrutura departamentalizada, enfraquecendo a autoridade do líder de projetos perante os integrantes, pois tem pouca autonomia e baixo poder na gestão dos recursos humanos. Evidentemente que em um projeto, o gerente coordena profissionais de níveis socioeconômicos distintos, de faixas etárias distintas, de diferentes culturas e crenças, de valores individuais específicos. Acresça-se a este cenário, a diversidade de profissionais que compõem a equipe do projeto: da Geração Y, da X, Baby Boomers ou Veteranos.
Isto deixa evidente que, cada vez mais, gerenciar projetos deixou de ser algo intuitivo, mas sim profissional, exigindo do gerente uma ampla gama de conhecimentos e habilidades. Conhecimento das gerações, não no sentido de manipulação de pessoas, mas ter sensibilidade acerca de algumas particularidades das gerações de profissionais pode aumentar o nível de compreensão e tolerância do gerente de projetos perante a equipe, e até de orientação (coaching), contribuindo para uma melhor eficácia no planejamento e execução dos projetos. Com isto, o gerente conseguirá criar um ambiente de confiança, de colaboração, potencializando as experiências e vivências individuais, propiciando o desenvolvimento das pessoas e facilitando o atingimento dos objetivos do projeto. Com isto terá grandes chances de fazer com que o projeto acabe “em pizza”, não no sentido jocoso atribuído ao termo, mas de comemoração pelas conquistas e realizações.