Gung ho, duas palavras, um comportamento, um conceito
É interessante como o homem se apropria de formas, comportamentos e palavras para criar conceitos.
Sua inventividade e capacidade de adaptação são formidáveis, por essa razão nosso poder de observação não pode ser negligenciado.
Ao usá-lo, podemos agir como os animais que possuem a característica do mimetismo. Capacidade de imitar padrões de coloração, textura, forma do corpo, comportamento e aspectos químicos, que permite ao mímico vantagens adaptativas.
Em certos momentos da nossa história empresarial podemos encontrá-lo com maior ou menor predominância, como quando a febre pelas técnicas japonesas de gestão invadiu o mundo. Não faltaram loiros e ruivos de olhos verdes e azuis se desdobrando para imitar os samurais, ainda que jamais pudessem ter as semelhanças desenvolvidas pelas borboletas monarcas e as vice-reis – a borboleta vice-rei é uma borboleta semelhante à monarca, embora não produza a mesma toxina que esta. Isso a protege, pois os predadores, confundidos, evitam atacá-la.
As grandes modas são expressões de mimetismo, principalmente quando procuramos nos assemelhar aos nossos ícones. Adoradores de Elvis Presley, Michael Jackson, Marilyn Monroe, Frank Sinatra, Roberto Carlos, e tantos outros ídolos, são comuns, mas há situações em que figura corporal não é o foco, mas sim o talento.
Em gestão esse é um aspecto comum. Os produtos são copiados, os modelos de gestão assemelhados, ainda que toques pessoais sejam dados.
O oficial de Marinha Estadunidense, Major Evans Carlson, ao desenvolver um trabalho, observou comportamentos e palavras e os tomou emprestados para desenvolver um conceito.
Explicou certa vez: “Eu estava tentando criar o mesmo espírito de trabalho que tinha visto na China, onde todas as pessoas se dedicavam a uma idéia e trabalhavam em conjunto para fazê-la funcionar. Eu falei aos soldados sobre isso repetidamente e lhes disse que o lema das cooperativas chinesas era Gung Ho, cujo significado era Trabalhar Junto – Trabalhar em harmonia”.
A natureza dá suas contribuições e um dos grandes exemplos de Gung Ho pode ser encontrado no deserto do Kalahari.
Nessa região estão os suricates. Pequeno mamífero, com cerca de meio metro, peso próximo a um quilo e pelagem acastanhada.
Vivem em pequenos grupos de até quarenta indivíduos e revezam-se nas tarefas de vigia e proteção da colônia. Estudos mostram que desenvolveram linguagem própria, capaz de indicar o tipo de predador que se aproxima.
Os mais velhos incumbem-se de ensinar aos mais novos, existindo registros de adoção de um elemento cego por outro experiente, que o ajudava a procurar alimento e buscar proteção.
Grupos de trabalho não são difíceis de formar, obter trabalho em grupo sim. Esta ainda é uma questão complexa.
Esta barreira pode ser superada pelo aspecto mais significativo da interpretação de Gung Ho, a Harmonia.
Surpreendente se torna ainda mais o conceito quando vemos que a palavra na sua origem não tem nada a ver com slogans ou gritos de guerra, quer dizer apenas Cooperativa Industrial.
Não importa, para nós Gung Ho será sempre uma determinação para trabalharmos juntos e em harmonia!
Gung Ho!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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