Oferenda aos deuses
O reconhecimento é fator importante na vida do homem.
Como o artista que precisa das palmas, deixando o palco ovacionado e, orgulhoso, volta para o bis, assim também anseiam os homens comuns e os governantes.
Aceitação, visibilidade, reconhecimento, gratificação.
Na outra face da moeda está a obscuridade. A dor de não significar algo para muitos.
Não raro, encontramos situações em que o enorme amor de uma pessoa por outra não é suficiente para apagar a realidade do ostracismo ou da falta de reconhecimento.
A peça de teatro sem público, a música não cantada, o quadro não admirado, a beleza não notada, o esforço não observado, o ser humano não notado.
Passa a moça, ninguém olha. Fala o rapaz, ninguém ouve.
A moça com seu melhor discurso, não observada. O Rapaz, em seu melhor terno, indiferença!
Como um dos melhores exemplos de ser humano, temos Madre Teresa de Calcutá. Em sua imensa sabedoria e conhecimento de nossas carências disse, certa vez, que “o mais miserável, o mais trágico da pobreza, não é a falta de pão e de teto, mas a sensação de sentir-se nada”.
A contundência de suas palavras provoca ecos.
Doloroso para o homem, trágico para o artista e para a arte.
A carência de identificação, de estima pública, expõe toda fragilidade humana.
Por outro lado, seu destaque, sua relevância propalada, torna o ser comum um semideus.
Um palco, um artista, uma guitarra, cem mil pessoas, um só canto, a glória!
Seguidores, imitadores, covers, bebem da fonte que os satisfazem.
Jovens? Não! Juventude…
Alexandre O Grande, carregando sempre a Ilíada, dizendo-se parente e o novo Aquiles, visitou seu túmulo passando por Tróia. A herança pelo DNA, ainda que utópica.
Ah, Homero, seus contos, seus registros…
Criam-se deuses, fazem-se lendas.
Lendas de homens, lendas de fatos.
O jeans roto, a velha estrada, a viagem imaginária. Histórias contadas, escritas, tocadas. Nas letras em uma folha, no som de uma voz, na estridência de uma corda, no toque de uma tecla.
Marcas que marcas deixam. Marcas que marcas criam.
Lembranças de um passado, registro do presente, promessas de futuro.
Marcas que destacam feitos, que valorizam produtos. Ícones elevados ao Olimpo, morada dos deuses.
Marcas que visionários deixam para o homem comum que as ostentam em busca de reconhecimento, identificação e diferenciação.
Tê-las é pertencer a um grupo, integrar uma tribo, ser abençoado com a insígnia.
Nos pés, no corpo, na cabeça. O traço, a estrela, a cor.
Uma conquista para a qual a homem não mede esforços, nem discute sua perenidade.
Toda dedicação é pouca, todo esforço é merecido. A recompensa? Ostentar a marca que marca!
Marcada a tinta no produto, a fogo na memória.
Sábios que as criam, poderoso quem as domina.
Nas vitrines expô-las é mandatório.
Nesse altar serão feitas as oferendas aos deuses.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
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Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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