Pensamento Estratégico
Quais os Tipos de Estratégias Mais Utilizadas Pelas Organizações? Que Tipo de Estratégia Usar Para se Expandir? O Que é Uma Estratégia Genérica?
O pensamento estratégico envolve uma análise bem abrangente de uma empresa em relação ao setor em que atua, em relação aos seus concorrentes e em relação ao ambiente empresarial. Em outras palavras, pode-se afirmar que Estratégia é o plano de uma empresa para atingir suas metas. Sendo assim, os estrategistas devem sempre fazer seus planos de olho na sua implementação. Existem três níveis de estratégia:
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Estratégias Funcionais: são os métodos operacionais que “agregam valor” aos produtos, os quais uma administração escolhe para sua empresa. A estratégia funcional do Carrefour aqui no Brasil é diminuir seu quadro de funcionários das lojas e, consequentemente, diminuir seus custos operacionais. O Carrefour se utiliza dos promotores de vendas das indústrias para realizarem os serviços que seriam de seus funcionários e, com isso, em vez de 200 funcionários eles têm em média 80 por loja, o que, certamente, diminui seus custos e aumenta sua margem de lucro.
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Estratégias de Negócios: são os “planos de batalha” utilizados para lutar contra a concorrência no setor do qual uma empresa participa. A estratégia de negócios da Nestlé aqui no Brasil é a de encher as prateleiras das lojas com muitas marcas diferentes de leites em pó e, conseqüentemente, ocupar os espaços que poderiam ser ocupados pelas marcas concorrentes.
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Estratégias Empresariais: a estratégia empresarial mais utilizada pelas corporações é a de “fusão e aquisição”. Dessa forma, algumas empresas cujo setor está em baixa adquirem empresas cujo setor está em alta. O melhor exemplo é a da Philip Morris (maior fabricante mundial de cigarros, cujo setor tabagista está em queda em todo mundo), a qual comprou a Kraft Food’s (LACTA) e a General Food’s (MAGUARY), cujo setor – alimentos – está em alta.. Outro exemplo dessa estratégia nesse setor é a RJ Reynolds (2º maior fabricante mundial de cigarros) que adquiriu a Nabisco.
Outras Estratégias:
A) Estratégias de Expansão: Um dos mais simples diagramas estratégicos que ajuda os gestores a entenderem uma “Expansão” foi idealizado por Igor Ansoff, o qual se tornou um bom meio de classificar rotas para a expansão das empresas. Ele cruzou duas variáveis – os produtos comercializados pela empresa e o mercado em que atuam. Dessa forma ele encontrou quatro (4) formas de uma empresa se expandir:
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Estratégia de Penetração de Mercado: Se a Nestlé decidisse continuar vendendo seus chocolates aqui no Brasil isso seria considerado por Ansoff como uma estratégia de “Penetração de Mercado”, pois ela estaria vendendo um “produto velho” (seus chocolates) num “mercado velho” (Brasil).
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Estratégia de Desenvolvimento de Produto: Se a Nestlé decidisse vender uma nova marca de chocolate aqui no Brasil (chocolates “Joãozinho”, por exemplo), Ansoff consideraria isso como uma Estratégia de Desenvolvimento de Produto, pois ela estaria vendendo um “produto novo” (chocolates Joãozinho) num “mercado velho” (Brasil).
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Estratégia de Desenvolvimento de Mercado: Se a Nestlé decidisse vender seus chocolates (já fabricados) na Colômbia, Ansoff diria tratar-se de uma estratégia de “Diversificação Afim” (ou “Desenvolvimento de Mercado”), pois ela estaria vendendo um “produto velho” num “mercado novo”.
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Estratégia de Diversificação Não-Afim: Se ela decidisse vender automóveis na Colômbia, isso seria uma Estratégia de “Diversificação Não-Afim”, pois ela estaria vendendo um “produto novo” (automóvel – produto não afim com os produtos já fabricados) num “mercado novo” (Colômbia).
B) Estratégias Genéricas: São aquelas que podem ser usadas em todos os setores da economia (indústria, comércio ou serviços). Existem três tipos de Estratégias Genéricas:
B1) Liderança nos Custos: Trata-se de uma estratégia largamente utilizada pelo setor industrial (principalmente nas indústrias japonesas), pois é mais fácil para uma indústria obter o mais baixo custo de um determinado produto do que o comércio, por exemplo. O aumento da produção de determinados produtos diminui seus custos unitários e dessa forma, muitos indústrias conseguem baratear seus produtos. Os preços mais baixos se traduzem em mais vendas e, conseqüentemente, um novo aumento da produção.
O conceito de “Liderança nos Custos” se baseia na economia de escala. Isso significa que, à medida que se produz mais, os custos por unidade diminuem e as empresas se tornam mais competitivas.
B2) Diferenciação: Trata-se de uma estratégia que é um dos principais objetivos do marketing, pois ela faz com que o produto (ou o serviço) de uma empresa pareça diferente na mente do consumidor. Com os produtos, isso significa oferecer melhor desenho, confiabilidade, serviço e entrega. Com os serviços, um ponto de diferenciação pode ser cortesia no atendimento, disponibilidade de horários, conhecimento técnico sobre o serviço oferecido ou a localização da loja (ou escritório). Produtos e serviços podem ser diferenciados através da propaganda – ainda que sejam virtualmente os mesmos – e isso pode convencer os consumidores de que um deles é melhor. Por exemplo, os consumidores poderiam ser convencidos de que os calçados da NIKE são melhores do que os da RIDER, devido à propaganda realizada por alguma celebridade.
B3) Enfoque: Usando uma estratégia de enfoque, uma empresa pode se concentrar numa determinada área do mercado, num segmento de mercado ou em um produto específico. No mercado brasileiro de refrigerantes com sabor cola, por exemplo, amplamente dominado pela Coca-Cola, a Pepsi se defende desse poderoso concorrente no estado do Rio Grande do Sul, onde a sua participação de mercado é bem maior que o seu concorrente. A Coca-Cola pode até gabar-se de seus custos de produção mais baixos e de possuir o mercado nacional, mas não tem o apoio da freguesia gaúcha.
C) Estratégia de Portfólio:
No início da década de 60, muitos acadêmicos acreditavam que se uma empresa pudesse reunir o portfólio certo de negócios correto em áreas sem relação entre elas e com isso os altos e baixos intercalados, ela estaria vacinada contra as quedas da economia. Por isso, o conceito de diversificação se tornou a mania nessa década e, um bom exemplo disso, foi a General Eletric, a qual se envolveu em cerca de 160 negócios nessa época.
Mas, na década seguinte, quando os lucros caíram e as Bolsas de Valores ficaram contrariadas com essa diversificação não afim, as diretorias das empresas pediram ajuda aos consultores especializados. As empresas queriam saber em que atividades deveriam estar presentes, uma vez que era preciso encontrar uma estratégia que ajudasse a canalizar o seu limitado capital para as melhores perspectivas.
Atualmente, a maioria das empresas já percebeu que quando elas se metem em negócios sem relação com suas principais atividades (Diversificação Não Afim), elas perdem um tempo precioso até poderem entender profundamente desse novo negócio e, na maioria das vezes, isso é mortal para sua sobrevivência.
Autor
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Professor, consultor e palestrante. Articulista do Jornal do Commercio (RJ) e co-autor do livro: “Trabalho e Vida Pessoal – 50 Contos Selecionados” (Ed. Qualytimark, Rio de Janeiro, 2001). Treinou – por mais de 20 anos – equipes de Atendentes, Supervisores e Gerentes de Vendas, Marketing e Administração em várias empresas multinacionais de bens de consumo e de serviços. Elaborou o curso de “Gestão Empresarial” e atualmente ministra aulas de Administração, Marketing, Técnicas de Atendimento ao Cliente, Secretariado e Recursos Humanos.
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