Seu currículum, sua competência e o emprego desejado
Quer esteja você procurando novas oportunidades ou não, sempre se depara com o assunto currículum.
Os modelos são variados, as teses sobre o que deve integrá-lo também.
Não faltam empresas especializadas na preparação do material, eu mesmo tenho uma infinidade de modelos. Quando acho que já não há mais nada para aprender sobre o assunto, pronto, surge algo novo!
Deve ter fotografia ou não? Depende, você é bonito ou feio?
Foto em pé ou 3 x4? Você é alto ou baixo?
Idade? Esse é um detalhe delicado, depois da casa dos trinta já o consideram velho. Gostamos da sabedoria, mas não temos a mesma consideração pelos sábios.
Nesse aspecto que você pode ouvir: – Idade não comprova sabedoria! Diz o velho ditado “o diabo é mais sábio por ser velho do que por ser diabo!”. Sabedoria é resultado da experiência, nesse caso “tempo de estrada” conta muito.
Informo que não sou fumante? Ser casado é uma referência importante? Filhos. Ter filhos deve mostrar responsabilidade!
Um grande amigo não menciona que os têm. Quando lhe perguntam por que, ele diz: – Tenho seis, como você acha que avaliarão essa questão? Jamais me chamarão para uma entrevista.
Beber nem pensar e quando lhe perguntarem você diz: – Socialmente!
Hobbies! Simples, passear com a família, cinema, leitura. Hum, e quem é paraquedista, conta ou não?
Isso é só o começo, ainda tem o capítulo instrução e experiência.
Na hora de falar da instrução como mostrar que freqüentou escolas pouco comentadas, mas muito boas, obtendo sempre as melhores notas, se o concorrente, ainda que péssimo aluno, esteve em escolas consagradas? Você, uma pessoa de família sem muitos recursos, apelou para as bibliotecas e sebos, tornando-se um autodidata, mas não tem MBA. Leu tudo que encontrou, dos clássicos aos técnicos, passando pelas bulas dos remédios.
Chegou a hora de falar das experiências. Você é pau-para-toda obra, sem um “CV” encorpado, começou de baixo. Tem muito para contar do que fez, mas pouco para falar de cargos que ocupou. A vontade de aprender, mais do que a ausência de preguiça, o levou a “navegar” por todos os setores da empresa. Oportunidades por lá tem aparecido, mas você já sentiu que para deslanchar na carreira vai ter que procurar novos ares. Essa é a razão de ter saído em busca de informações para desenvolver um “CV” competitivo.
Ao nosso lado estava um consultor ouvindo a conversa que resultou neste artigo. Ele se lembrava de uma história sobre comprovação de competência e tentava em encontrá-la na internet. Não demorou muito, nos trouxe uma folha e disse: – Aqui está uma forma de demonstrar competência.
Lia-se:
Um lenhador, em busca de trabalho, chegou em uma região que estava sendo desmatada. Apresentou-se na empresa carregando seu machado e pediu uma oportunidade para demonstrar sua competência.
As pessoas presentes riram de seu jeito simples e lhe explicaram que o trabalho era feito com motosserras, machado era coisa do passado.
Precisando trabalhar disse que faria o serviço por um valor que considerassem justo, mais a refeição do dia.
Vendo que poderiam ter alguma vantagem, os responsáveis pela derrubada o contrataram e lhe deram uma área aonde pudesse trabalhar e não incomodasse os demais.
Machado “comendo solto”, as árvores iam caindo, levando o que encontravam pelo caminho. Experiente e determinado, o lenhador limpava a área em volta e deixava os troncos prontos para que fossem puxados pelos tratores.
Pouco antes do encerramento do expediente “os chefes” foram inspecionar o trabalho que ele havia feito e ficaram espantados com tamanha perícia que o permitira abrir enorme clareira em uma mata fechada.
Curiosos queriam saber um pouco mais sobre o homem, onde vivera, que trabalhos fizera, do que gostava e como adquirira tanta experiência e habilidade.
Calmamente respondeu todas as perguntas e disse que aprendera muito sobre madeira, técnicas de corte e desenvolvera sua habilidade no deserto do Saara.
Os entrevistadores confusos, sem entender aquela afirmação, lhe disseram: – Não há floresta no deserto do Saara!
O lenhador olhou-os todos nos olhos e respondeu: Havia quando lá cheguei!
Depois que terminamos a leitura o consultor nos disse: – O aspecto mais importante não é a informação que você coloca no currículum, mas a oportunidade de entregá-lo pessoalmente, com o machado nas mãos.
Ah! Vou comprar um machado!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão EmpresarialAutor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
www.postigoconsultoria.com.br
Autor
-
Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
Todos os posts