Sustento, sustentação, sustentabilidade
Sustento, sustentação, sustentabilidade
O planeta está morrendo!
Fui muito rápido?
Vamos ler lentamente: o planeta está morrendo. Isso está claro?
É verdade que algumas aves têm voltado às cidades e frequentado nossos quintais, quando neles mantemos algumas árvores frutíferas, mas isso pouco significa em relação ao que estamos perdendo.
Eu seria capaz de fazer uma lista imensa de animais que não vejo há muito tempo, quando dou uma escapada para a cidade em que nasci, no interior do estado.
Quando garoto, via na região, com freqüência, beija-flores vermelhos. Hoje não os encontro e parece que se tornaram ficção. Quando toco no assunto, as pessoas me olham com se eu estivesse falando a respeito de um ser extraterrestre. Enfim, quem viu, viu, quem não viu, parece que não mais verá.
Ah, mas uma cena é comum, e nesse caso o tom é vermelho. Um sofá jogado dentro de um córrego. E não está lá porque houve deslizamento de terras, enchentes ou qualquer catástrofe.
Ali foi jogado por falta de…
Note que deixei três pontos para que você os preencha. Não lhe faltarão palavras.
Você vai me perguntar: – Por que você não quis preencher?
Para que você me ajude a definir esse ato. Confesso que já não sei mais o que dizer.
Quer ver um absurdo?
Imagine pessoas varrendo e, também, com mangueiras d’água limpando as sarjetas, enquanto levam folhas e flores para dentro dos bueiros nas portas de suas próprias casas.
Quem eles pensam que serão prejudicados?
Ainda garoto, ouvi uma conversa de meu pai com um amigo, falavam sobre a ocupação desordenada dos morros – Em minha cidade os morros não foram ocupados, foram retirados.
Bom, basta dizer que a rua em que eu morava era conhecida como a “rua dos morros”.
“Algo me diz que a natureza nunca mais será a mesma” – era uma frase que sempre ouvia em casa, a cada devastação que tínhamos notícia.
Achei interessante um detalhe, dizia esse amigo do “meu velho”, se bem me lembro era guarda florestal ou algo assim: – Hoje o homem sobe o morro, amanhã descerão juntos.
Pequeno, não conseguia imaginar algo em grandes proporções, até que vi no cinema uma cena de avalanche derrubando tudo o que encontrava pela frente.
Quando, tempos depois, quis saber como aquilo poderia ser prevenido, ouvi algo que também me deixou intrigado: – Com Educação.
Ora, então era simples.
A resposta complicou ainda mais meu inocente raciocínio: – Antes de se interessarem pela educação as pessoas precisam conseguir o sustento.
Criança sempre pergunta por quê: – Barriga vazia não deixa aprender – lá veio a explicação.
Bom, então era só distribuir comida!
– Negativo- foi a nova resposta.
Lá foi outro “por quê?”
Porque as empresas precisam vender para conseguir sustentação, com isso gerarão empregos que darão sustento às famílias. Engraçado, não me lembro de meu pai conversando comigo como se eu fosse criança e por isso não pudesse entender qualquer assunto. As respostas eram diretas e claras. Ele sempre plantava as sementes e não tinha pressa de vê-las brotar.
Parecia que as peças estavam se encaixando. Até ali eu tinha entendido, mas onde entravam as empresas na proteção do meio ambiente?
A resposta veio de uma revista que ganhei de presente que tratava de reflorestamento e de cuidados com o salmão, que começava a ter problemas sérios com seu habitat. Essa lição carrego comigo, sempre presenteei meus filhos com livros e revistas. Talvez até não leiam alguns exemplares, mas a informação ali está.
Será que isso funciona? Garanto que sim, pois sempre compartilham comigo algo interessante.
Ainda que não se envolvesse diretamente com a política, meu pai estava sempre bem informado, então quis saber onde o governo entrava na história.
É a primeira lembrança que tenho dos nomes John Kennedy, Juscelino Kubitschek, das siglas JFK e JK, e da palavra oratória – ele os considerava grandes oradores. A memória ficou marcada pela frase que me disse: – Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país.
Nunca me perguntei por que não a esqueci, mas porque dela sempre me lembrei, assim como jamais me livrei da palavra “dimetilaminofenildimetilpirazolona”- Esta memória devo ao meu amigo Ailton, que a disse enquanto fazíamos imposto de renda, em pé, no balcão do escritório em que trabalhávamos.
Meu pai e eu, sempre gostamos de caminhar, então saíamos muito, juntos, para bater perna, campo afora, mexendo mato, como ele dizia, e no fundo não sei se eu era o grande amigo que o ouvia ou se ele tinha consciência que estava me ensinando algo.
Ora, então estava explicado, se todos fizessem sua parte o meio ambiente estaria protegido!
Não é necessário dizer que no mundo há mais discursos e ações governamentais fracassadas com relação à proteção do meio ambiente do que bem sucedidas.
Os grandes resultados vêm da iniciativa privada que gera o sustento quando conseguem sustentação e se dedicam a sustentabilidade.
Agora crescido, perguntaria àquele garoto: – E nossos governantes, não saem do meio do povo, justamente aquele que está em busca de sustento?
Acho que ele responderia: – Muitos, como os morros de minha cidade, uma vez que mudem de lugar, suas naturezas jamais serão as mesmas!
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.
Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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