Todos os favores aos amigos, a cruz aos inimigos
Todos os favores aos amigos, a cruz aos inimigos
Um dos exercícios mais sábios do homem é a tolerância.
Tolerância no sentido de atitude respeitosa, não de submissão à humilhação.
Esta segunda forma é que gera as revoltas e confrontos sangrentos.
Como pano de fundo de todas as guerras há sempre pessoas que foram pressionadas para ceder, e levadas ao ponto de exaustão.
Uma quantidade significativa de crimes em nosso país ocorre porque providências não foram tomadas quando sinais de intolerância se apresentaram.
O agressor perdeu as medidas e o agredido não acreditou em seu direito à defesa e proteção. Como resultado nos deparamos com atitudes extremadas.
Papais assustados vivem a repetir: – Meu filho fez isso? Não, de forma nenhuma, ele é um bom menino!
Não, não é! Aliás, os únicos que não sabem ou fingem não saber, que ele não é um bom menino, são os pais!
Dinheiro e amizades prestam favores e absolvição até o próximo crime.
Protegidos, nos sentimos inimputáveis. Senhores da situação, onde nem mesmo a lei possa nos alcançar. Dr. Fulano nos protegerá. É amigo de papai, da mamãe, da família!
Contava um amigo advogado: Noite de réveillon, uma descontrolada, depois de momentos de intolerância, ao ser questionada pelas autoridades por suas atitudes de invasão de privacidade e difamação, os chamava de mentirosos. Providências tomadas para que responda por desacato à autoridade, depois de liberada, ainda arrumou algumas confusões.
Drogada, sofre algum distúrbio mental?
Não, falta-lhe consciência de civilidade.
A excessiva tolerância, evitando mantê-la no cárcere aquela noite ou quem sabe alguns dias, permitiu-lhe exercitar seu falso poder de ser intolerante. E assim seguirá se não houver medida de contenção.
Não se constrói uma sociedade justa e com paz de convívio dessa forma.
Uma sociedade justa e verdadeira, uma nação, precisa de valores. Não apenas dos valores de alguns poucos líderes e mártires, os quais, depois de executados com armas de fogo e pregados em cruzes, se tornarão símbolos e referências para muitos discursos sem propósitos, mas dos valores de todos os homens de verdade, como costumamos nos considerar.
A nossa tolerância deve ser exercitada permitindo aceitar e reconhecer as diferenças, nossa intolerância deve ser conduzida para evitar a injustiça.
Quando houver excesso que seja para o bem, ainda assim, para o bem do bem, este não deve ser exacerbado.
As cruzes já ostentam injustiças demais em favor dos amigos dos amigos, que dos desafetos fizeram inimigos.
Sem medidas, não o homem, mas as idéias são concorrentes, competidoras, sem afeto e inimigas.
Para eliminar a idéia, eliminamos o homem.
Sem sabedoria e medidas de contenção, devastaremos as florestas e ainda faltará madeira para as cruzes, para os inimigos condenados pelos amigos.
Seria a intolerância o reconhecimento de nossa incapacidade e incompetência para novos aprendizados?
Terá chegado o homem ao limite de sua racionalidade?
Nossa excessiva lógica nos terá transformado em seres racionalmente ilógicos?
Será o nosso destino a cruz, à qual seremos encaminhados pelos inimigos de nossos amigos?
Que as cruzes sejam apenas um símbolo de nossa tolerância, para elas já enviamos grandes homens.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
www.postigoconsultoria.com.br
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Autor
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Economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas.
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